segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Igreja critica novo livro de Saramago

da France Presse, em Lisboa

"Caim", livro mais recente do português José Saramago, gerou polêmica ao chegar às livrarias nesta segunda-feira, depois que o episcopado lusitano afirmou que se trata de uma mera "operação publicitária" do Prêmio Nobel de Literatura de 1998.

O livro, que narra em tom irônico a história bíblica de Caim, filho de Adão e Eva que matou o irmão Abel, foi apresentado no domingo em Penafiel pelo autor.


Divulgação
Capa de "Caim", a ser lançado no Brasil pela Companhia das Letras
Capa de "Caim", a ser lançado no Brasil pela Companhia das Letras
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Capa da edição portuguesa de "Caim", de José Saramago
Capa da edição portuguesa de "Caim", de José Saramago

"A Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana", declarou Saramago.

"Sem a Bíblia, um livro que teve muita influência em nossa cultura e até em nossa maneira de ser, os seres humanos seriam provavelmente melhores", completou.

O romancista denunciou "um Deus cruel, invejoso e insuportável, que existe apenas em nossas mentes", e afirmou que sua obra não causará problemas com a Igreja Católica "porque os católicos não lêem a Bíblia".

"Admito que o livro pode irritar os judeus, mas pouco me importa."

O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, Manuel Marujão, chamou o livro de "operação publicitária".

"Um escritor da dimensão de José Saramago deveria tomar um caminho mais sério. Pode fazer críticas, mas entrar em um gênero de ofensas não fica bem a ninguém, e muito menos a um Prêmio Nobel", afirmou.

O rabino Elieze du Martino, representante da comunidade judaica de Lisboa, afirmou que "o mundou judeu não vai se escandalizar com os escritos de Saramago nem de ninguém".

"Saramago desconhece a Bíblia e sua exegese. Faz leituras superficiais da Bíblia", disse.

Saramago provocou revolta em 1992 com "Evangelho segundo Jesus Cristo", no qual mostra um Jesus que perdeu sua virgindade com Maria Madalena e que era utilizado por Deus para ampliar seu poder no mundo. O escritor se mudou pouco depois de Portugal e foi morar em Lanzarote, no arquipélago espanhol das Canárias.

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