Portugal é um dos 42 países do mundo onde melhor se vive, mas os seus cidadãos não se satisfazem com este estatuto: só os eslovacos e os estónios - entre aqueles que se incluem neste restrito clube - conseguem ser mais infelizes. O certo é que, desde 1980, que o desenvolvimento humano no país tem vindo sempre a melhorar, embora, por vezes, como é o caso deste ano, não seja o suficiente para travar uma queda na tabela.
Em 2010, Portugal ocupava a 40ª posição entre 169 países, tendo caído seis posições desde o ano passado. Porém, os responsáveis do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) alertam para o facto de as classificações não serem absolutamente comparáveis, pois houve mudanças nos métodos de cálculo. E o número daqueles que registam um desenvolvimento humano muito elevado também aumentou - de 38 para 42. Por isso, embora Portugal tenha descido no novo ranking, se se considerar os métodos anteriores, o país registou uma evolução, tendo subido até um lugar.
Não se pode falar, assim, de uma derrapagem dos indicadores que medem o bem-estar dos portugueses, pois estes têm vindo sempre a melhorar. O que se passa é que outras nações aceleram e Portugal move-se devagarinho.
Esta é a visão do copo meio cheio, mas Portugal parece preferir ver o copo meio vazio - está a dois lugares do fim da tabela dos 42 primeiros (só Polónia e Barbados estão abaixo) e os seus cidadãos sentem-se particularmente insatisfeitos com isso. É o que se conclui quando se olha para os indicadores que medem a percepção dos cidadãos sobre a sua felicidade e bem-estar. Os portugueses, numa escala de satisfação de 1 a 10, colocam-se no ponto 5,9. Os brasileiros, que estão na 73ª posição, assumem-se bem mais felizes (7,6) e até as gentes do Malawi, quase no fim da tabela (153º em 169 países), têm níveis de satisfação superiores ao dos portugueses (6,2).
O problema dos portugueses parece residir apenas em relação ao seu nível de vida, que só satisfaz 47 por cento dos inquiridos, já que não se sentem mal no emprego e estão de boa saúde.
Esta insatisfação pode ser explicada por alguns indicadores que surgem pouco favoráveis a Portugal. É o caso do crime, por exemplo. Entre os 42 países no topo do ranking, a percentagem de vítimas de assaltos é a mais alta - sete por cento já foram roubados. Outro dos factores que contribuem para o mal-estar é a insatisfação com a falta de casas a preços acessíveis - só em Espanha e na Eslovénia será pior.
Percepções à parte, há de facto maus indicadores. Um deles é o da população que concluiu o secundário. Em Portugal, a percentagem situa-se nos 27,5 por cento, a pior entre os 42 países. Além disso, a taxa de chumbos nas escolas é a mais elevada - 10,2 por cento. Tem também uma média de anos de escolaridade inferior à maioria dos países no topo da tabela - 8 contra 12,6 na Noruega, o país que ocupa o topo do ranking.
O país também não sai bem na fotografia no que diz respeito ao trabalho infantil. Entre as nações onde se vive melhor, só em Portugal e no Bahrein foram detectados casos. Segundo o relatório, três por cento das crianças portuguesas entre os 5 e os 14 trabalhavam.
Em 2008, o produto interno bruto per capita era mais de quatro vezes inferior ao da Noruega e significativamente abaixo do espanhol, que está no 20º lugar do ranking. Ana Fernandes
Em 2010, Portugal ocupava a 40ª posição entre 169 países, tendo caído seis posições desde o ano passado. Porém, os responsáveis do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) alertam para o facto de as classificações não serem absolutamente comparáveis, pois houve mudanças nos métodos de cálculo. E o número daqueles que registam um desenvolvimento humano muito elevado também aumentou - de 38 para 42. Por isso, embora Portugal tenha descido no novo ranking, se se considerar os métodos anteriores, o país registou uma evolução, tendo subido até um lugar.
Não se pode falar, assim, de uma derrapagem dos indicadores que medem o bem-estar dos portugueses, pois estes têm vindo sempre a melhorar. O que se passa é que outras nações aceleram e Portugal move-se devagarinho.
Esta é a visão do copo meio cheio, mas Portugal parece preferir ver o copo meio vazio - está a dois lugares do fim da tabela dos 42 primeiros (só Polónia e Barbados estão abaixo) e os seus cidadãos sentem-se particularmente insatisfeitos com isso. É o que se conclui quando se olha para os indicadores que medem a percepção dos cidadãos sobre a sua felicidade e bem-estar. Os portugueses, numa escala de satisfação de 1 a 10, colocam-se no ponto 5,9. Os brasileiros, que estão na 73ª posição, assumem-se bem mais felizes (7,6) e até as gentes do Malawi, quase no fim da tabela (153º em 169 países), têm níveis de satisfação superiores ao dos portugueses (6,2).
O problema dos portugueses parece residir apenas em relação ao seu nível de vida, que só satisfaz 47 por cento dos inquiridos, já que não se sentem mal no emprego e estão de boa saúde.
Esta insatisfação pode ser explicada por alguns indicadores que surgem pouco favoráveis a Portugal. É o caso do crime, por exemplo. Entre os 42 países no topo do ranking, a percentagem de vítimas de assaltos é a mais alta - sete por cento já foram roubados. Outro dos factores que contribuem para o mal-estar é a insatisfação com a falta de casas a preços acessíveis - só em Espanha e na Eslovénia será pior.
Percepções à parte, há de facto maus indicadores. Um deles é o da população que concluiu o secundário. Em Portugal, a percentagem situa-se nos 27,5 por cento, a pior entre os 42 países. Além disso, a taxa de chumbos nas escolas é a mais elevada - 10,2 por cento. Tem também uma média de anos de escolaridade inferior à maioria dos países no topo da tabela - 8 contra 12,6 na Noruega, o país que ocupa o topo do ranking.
O país também não sai bem na fotografia no que diz respeito ao trabalho infantil. Entre as nações onde se vive melhor, só em Portugal e no Bahrein foram detectados casos. Segundo o relatório, três por cento das crianças portuguesas entre os 5 e os 14 trabalhavam.
Em 2008, o produto interno bruto per capita era mais de quatro vezes inferior ao da Noruega e significativamente abaixo do espanhol, que está no 20º lugar do ranking. Ana Fernandes
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